A história de Josiéli Fátima Tonin Pagliosa com os cálculos começou diante de uma dificuldade de aprendizagem em sala de aula. Esse obstáculo, no entanto, foi crucial para transformar a forma como Josiéli enxergava a Matemática e provar como a relação “família e escola” é fundamental no processo de aprendizagem.
“Quando eu estava nas séries iniciais do ensino fundamental, minha professora chamou meus pais na escola para falar da minha dificuldade com a Matemática e pedir para que eles dedicassem tempo, em casa, para estudar comigo”, conta.
Foi quando Josiéli, que sempre fazia as lições de casa sozinha, passou a contar com a companhia do pai na rotina de estudos e aprendeu com ele, no cotidiano, como a Matemática está presente em tudo.
Agricultor, o pai de Josiéli não tinha muito tempo para se dedicar aos estudos com a filha em casa. Então, passou a levá-la junto com ele para a roça e ensinar Matemática de um jeito diferente, relacionando-a com a natureza, com a rotina do campo, no seu dia a dia de trabalho. O resultado foi, além da melhora no desempenho escolar da filha, um maior interesse pelos cálculos, que selou sua reconciliação com a Matemática.
A metodologia do pai de Josiéli fez tanto sucesso no seu processo de aprendizagem que conseguiu reverter sua história de dificuldade com a disciplina, motivando-a, mais tarde, se tornar professora de Matemática.
Hoje, Josiéli se inspira nas memórias de infância com o pai para ensinar seus alunos, relacionando a Matemática com o cotidiano e, sempre que possível, levando-os a aprender para além da sala de aula.
“Certa vez, cheguei na escola e observei uma jabuticabeira, no pátio da escola, carregada de frutas. Como daria início ao estudo da esfera, tive a ideia de levar os alunos para fora da sala, colher os frutos, introduzir o conceito matemático de esfera e fazer as medições de circunferência máxima, os registros das medidas e os cálculos para encontrar área e volume. Finalizamos a aula saboreando nossas esferas, ou melhor, as jabuticabas! Foi uma forma muito mais prazerosa de aprender Matemática e uma aula que nos marcou positivamente”, lembra.
Josiéli iniciou sua trajetória na educação no Curso Normal (Magistério) na Escola Estadual Normal José Bonifácio, de Erechim, no Rio Grande do Sul, onde, hoje, atua como professora de matemática.
Formada em Matemática pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus de Erechim/RS, pós-graduada em Informática Aplicada à Educação também pela URI - Campus de Erechim/RS e aluna do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Chapecó, Josiéli compõe o time de medalhistas de ouro da 1ª edição da OPMBR.
A professora de Erechim retornou da viagem de intercâmbio científico-cultural a China com muitas reflexões sobre a forma como os chineses conduzem o processo de aprendizado dos alunos.
“Ver como a escola e a família trabalham em conjunto no processo de educação dos alunos chineses voltou meu olhar para a minha própria história de vida e reforçou a convicção que esta combinação faz parte da receita de sucesso na formação de um aluno e cidadão. No Brasil, nem todos os pais incentivam os filhos a estudar, e muitos não costumam ser próximos e participativos no processo de aprendizagem. Alguns acompanham somente os filhos nas séries iniciais do e, logo depois, deixam a relação de ensino e aprendizagem apenas entre escola, professor e aluno. Na China, percebi como os pais são presentes na vida escolar dos filhos e levam a sério o fato de que a principal herança que um pai pode deixar para um filho é a educação”, disse.