A pernambucana Milena Monique de Santana Gomes sempre foi uma estudante exemplar. Dedicada aos estudos, não tinha predileção por uma disciplina específica, até se sentir desafiada por um professor de matemática.
“No último ano do ensino fundamental, tive um professor de matemática que me desafiou e fez despertar em mim um maior interesse pela disciplina. Ele já chegou na sala colocando um certo medo na turma, dizendo que suas provas eram muito complexas e que, dificilmente, alguém conseguia tirar 10 em suas avaliações. Isso me marcou, mas também me motivou a estudar mais e ajudar meus colegas de turma”, contou.
Competitiva, Milena foi atrás de conquistar a tal nota máxima nas provas daquele professor. “Passei a dedicar mais tempo aos estudos de Matemática do que de qualquer outra disciplina. O professor também se empolgava com meu interesse e me emprestava livros extras para aprofundar os estudos. Não demorou muito para a nota máxima chegar”, lembrou, orgulhosamente.
Nas aulas deste professor, Milena passou a ter uma prévia da experiência como professora. “Ele me chamava para ir ao quadro explicar o conteúdo para os meus colegas. Quanto mais eu fazia aquilo, mais feliz eu me sentia e foi, então, que descobri minha vocação”, disse.
Decidida a seguir a carreira de professora de Matemática, ao concluir o Ensino Médio, Milena ingressou no curso de licenciatura em Matemática na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e logo começou a dar aulas de matemática na escola onde estudou o último ano do ensino médio. Ao se formar na universidade, Milena iniciou o Mestrado, seguido do Doutorado em Matemática, na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
Mesmo com a oportunidade de dar aulas para universitários, Milena descobriu que sua paixão estava em ensinar matemática para o ensino médio.
“Fui percebendo que tinha muito a contribuir com a formação básica desses estudantes. Foi quando fiz concurso para a rede estadual de ensino de Pernambuco, e anos depois, para a rede estadual da Paraíba, estado onde resido, atualmente. Em Pernambuco, ainda sou professora da Educação para Jovens e Adultos (EJA) e, na Paraíba, sou professora do Ensino Médio”, contou.
Com o ideal de promover a igualdade de gênero, contribuindo para formação de mulheres na Matemática e desmistificando a crença de que a área de exatas é para homens, Milena passou a engajar suas estudantes com a Matemática e colocá-las em destaque em sala de aula.
Com o projeto “Mulheres na Matemática”, ela desenvolveu uma série de atividades voltadas para o protagonismo feminino dentro e fora de sala de aula.
“Uma delas foi o jornal ‘Matemátic-tac’, que desenvolvi com as estudantes do ensino médio na Escola Estadual Sesquicentenário, da Paraíba. O folhetim era produzido apenas por mulheres e trazia, mensalmente, informações gerais sobre a matemática, curiosidades e desafios para todos os estudantes”, disse.
Outra prática da professora, na mesma escola, são as Olimpíadas Interclasse de Matemática, que envolve estudantes de todo o Ensino Médio.
“Nessas competições, uma das regras é garantir a representatividade feminina nas equipes, que precisam ser compostas por meninas e meninos de igual para igual ou ser representadas, em sua maioria, por meninas”, disse.
As iniciativas de Milena e sua contribuição para o ensino de Matemática no País foram reconhecidas pela OPMbr, que premiou a professora com uma medalha de ouro e uma viagem de intercâmbio científico-cultural em Xangai, na China.
“Participar da OPMBR e do intercâmbio foi uma experiência extraordinária. A olimpíada, além de ter coroado todas as minhas práticas exitosas, fortaleceu e contribuiu com o meu propósito, que é desenvolver um ensino-aprendizagem de matemática eficiente e de qualidade”, disse.
Ao se destacar na OPMbr, Milena recebeu um convite da Secretaria de Educação da Paraíba para atuar fortalecendo a rede de ensino. Além de seguir como professora, hoje, ela integra a gerência executiva de Gestão Pedagógica e Desenvolvimento Curricular na Secretaria de Estado da Educação da Paraíba.